Ela teve uma infância difícil. Foi uma menina pobre. Muitas privações. Nunca tinha nada novo. Suas coisas eram sempre sobras dos muitos irmãos mais velhos.
Aprendeu a guardar tudo como se fossem tesouros. Pensava em ter para dar mais tarde aos filhos.
Ela cresceu, estudou, casou e sua vida melhorou. Já podia comprar as coisas bonitas que via.
Tinha tudo em primeira mão. Tinhas todas as coisas bonitas que imaginava.
Mas continuava guardando, com medo de misérias futuras. Nunca botava nada fora. Guardava cada papelzinho que lhe lembrava beleza.
O enxoval feito com carinho, com rendas, linhos e bordados nunca foi usado. Sempre permaneceu nas gavetas, guardado com naftalina, para serem usados em uma ocasião especial.
Assim foi tudo na vida dela. Sempre guardando para dar aos filhos quando casassem. Adiou as viagens para fazê-las quando os filhos estivessem de férias, quando se formassem, quando casassem, quando tivesse netos. Adiou os prazeres para talvez usufruí-los no paraíso.
Dessa forma ela ainda espera. Espera e adia a sua felicidade. Quem sabe um dia não poderá aproveitá-la melhor?
E assim como ela, guardo meu coração. Guardo meu amor para ser usado por quem merecer, quando eu crescer, quando eu tiver tempo.
Só tenho medo que, também assim como ela, eu envelheça sem aproveitar os tesouros que vou encontrando nessa vida...
6 comentários:
Meio triste isso...me pareceu
vida é aquilo que passa enquanto fazemos planos pro futuro... :)
Distribui um pouco esse amor. ;-)
Tenho certeza que quem receber vai adorar. Bjo e bom findi.
to tentando Clari, to tentando, mas no momento estou sem demandas...rssss.
que anonimo mais poeta esse. :)
mônica, vá fazer terapia, me fez muito bem!
beijos
obrigada pelo conselho.imagino que tenha te feito bem mesmo. beijos
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