Hoje estava na sala de recuperação do hospital com alunos. Pedi que fizessem a avaliação pós-anestésica de um paciente que tinha sido submetido à uma tomografia pela manhã, pois tinha convulsionado ontem à noite assistindo ao jogo final da libertadores.
Como sempre, estava acompanhando ao alunos. O paciente parecia bem e respondia à anamnese de forma tranquila. Em questão de segundos começou a apresentar palidez, referiu mal-estar súbito e logo em seguida cianose e fez um parada cárdio-respiratória. Foram feitas manobras de reanimação durante praticamente 60 minutos, sem nenhuma resposta positiva do quadro do paciente, momento em que foi decretado o óbito.
Nesses 18 anos de profissão é evidente que já assisti a várias paradas cardíacas e óbitos, mas esse me deixou bastante sensibilizada.
Como pode uma homem novo, de seus cinqüenta anos, estar conversando animadamente contigo e em minutos está morto?
O óbito dos pacientes sempre me afeta, pois estudei e me dedico a tentar recuperá-los e sua morte sempre me dá uma sensação de impotência. Mesmo sabendo que os profissionais da saúde não são semi-deuses e nem sempre conseguem reverter quadros graves, de alguma forma isso nos dá uma sensação de derrota.
Mas, a par disso, o que me fez ficar pensando hoje foi o fato da vida ser tão frágil. Em um momento tu estás aqui bem e em outro, em um piscar de olhos, tu não estás mais.
O que me faz decidir viver cada momento, aproveitar cada oportunidade, ficar junto de quem gosto o máximo de tempo possível.
Sei que é difícil, mas acho que tenho que parar de esperar que as coisas melhorem, que o trabalho diminua, que eu tenha mais dinheiro, que eu encontre um grande amor para aproveitar o que a vida está me oferecendo agora.
Não sei se estarei aqui daqui a um dia, daqui a um mês, daqui a um ano.
Estarei aqui o tempo que me for permitido e quero que esse seja o melhor tempo de todos.
Como sempre, estava acompanhando ao alunos. O paciente parecia bem e respondia à anamnese de forma tranquila. Em questão de segundos começou a apresentar palidez, referiu mal-estar súbito e logo em seguida cianose e fez um parada cárdio-respiratória. Foram feitas manobras de reanimação durante praticamente 60 minutos, sem nenhuma resposta positiva do quadro do paciente, momento em que foi decretado o óbito.
Nesses 18 anos de profissão é evidente que já assisti a várias paradas cardíacas e óbitos, mas esse me deixou bastante sensibilizada.
Como pode uma homem novo, de seus cinqüenta anos, estar conversando animadamente contigo e em minutos está morto?
O óbito dos pacientes sempre me afeta, pois estudei e me dedico a tentar recuperá-los e sua morte sempre me dá uma sensação de impotência. Mesmo sabendo que os profissionais da saúde não são semi-deuses e nem sempre conseguem reverter quadros graves, de alguma forma isso nos dá uma sensação de derrota.
Mas, a par disso, o que me fez ficar pensando hoje foi o fato da vida ser tão frágil. Em um momento tu estás aqui bem e em outro, em um piscar de olhos, tu não estás mais.
O que me faz decidir viver cada momento, aproveitar cada oportunidade, ficar junto de quem gosto o máximo de tempo possível.
Sei que é difícil, mas acho que tenho que parar de esperar que as coisas melhorem, que o trabalho diminua, que eu tenha mais dinheiro, que eu encontre um grande amor para aproveitar o que a vida está me oferecendo agora.
Não sei se estarei aqui daqui a um dia, daqui a um mês, daqui a um ano.
Estarei aqui o tempo que me for permitido e quero que esse seja o melhor tempo de todos.
16 comentários:
E daqui a 18 dias aproveitaremos cada minuto juntas!!!!!
Que coisa. Será que foi emoção do jogo? :-(
Putz. Muito triste. Lembrei da minha prima, que levou um tombo na cozinha. Estava bem no hospital, conversando com todo mundo, rindo. E no dia seguinte morreu, aos 40 anos. Pra gente que está acostumada a ver isso todo dia na TV já é foda, imagina ver de perto e ouvir o famoso "time of death".
*
Outra coisa, dentro do mesmo tema: ontem, enquanto esperava por 3 horas pra ser atendida na Net e ouvindo as reclamações de outras 20 pessoas, uma senhorinha humilde me disse: "horas e horas esperando, os funcionários ali batendo papo e rindo e nós aqui correndo o risco de perder o emprego. Mas isso não é nada, pelo menos eles não são os médicos do hospital onde trabalho nem nós estamos morrendo. Lá, chega gente acidentada, sangrando, tendo parada cardíaca e eles seguem lá dentro, rindo e jogando conversa fora..."
Putz 2. TV é TV mesmo. Realidade é outra coisa. Quem dera que todos os médicos fossem um Kovac ou um Derek.
to contado as horas pri.
clari, a emoção deve ter precipitado, mas provavelmente ele estava ja com um comprometimento cardíaco.
dani, na tv fica tudo "meio" divertido". mas onde eu trabalho essas coisas são tratadas de forma séria, embora algumas vezes a equipe ri e conversa sim, até porque senão o nosso dia seria insuportável e o sofrimento psíquico enorme. mas isso não quer dizer que se deixe de atender um paciente e encarar com seriedade o problema. existe muito folclore em cima dessas coisas. só quem vive esse cotidiano pode entender.
e meu sonho era que o kovac e o derek trabalhassem aqui, do meu lado.
Foi culpa do Patrício...aposto
não consegui saber se o cara era gremista pu colorado márcio.
é tudo mto curto, mto rápido e mto angustiante ao final de tudo. por enqto é tudo q posso dizer...
fique bem.
Sou nota zero nesse assunto.
Pra mim não existe preparação, não existe bom senso, não existe consciência de que é o inevitável, que melhore a certeza da perda, a certeza da impotência sobre isso ou a certeza do fim.
acho que impotência é a palavra que mais descreve o sentimento nessa situação. não importando qual o teu papel neste momento.
É um assunto muito delicado. Eu sempre fico com o coração apertado quando acontece alguma coisa assim...
Ontem assisti uma situação parecida com o que a Dani comentou: levei minha sogra pra Unimed, tava com a pressão nas alturas. Na "cortina" ao lado, uma mulher que acabara de perder o filho tão esperado, chorava muito, e na sala ao lado estavam enfermeiros e médicos dando altas gargalhadas, falando da vida alheia. Achei o fim da picada. Um pouco de respeito não faz mal a ninguém...
imperdoável paty. tem hora e lugar pra isso.
Tem magia o teu espaço...
Beijinho
Já leu "O Mundo e Sofia"? Ele compara o mundo e a vida a um coelho branco tirado da cartola por um mágico. O mundo é tão fantástico qto essa famosa mágica. Nós, os seres humanos, vivemos nos pêlos desse coelho. Alguns preferem ficar confortavelmente aninhados na base dos pêlos, cuidando de suas vidas enqto outros, preferem subir até a ponta dos pêlos pra tentar ver o qto tudo é maravilhoso. Só depende de nós escolhermos: ou nos fechamos, preocupados com nossas pequenas coisas rotineiras e sem muita importância, ou nos arriscamos tentando aproveitar cada segundo dessa experiência que é a vida.
Bjo!
"Mundo de Sofia". Faltou o "d", preciso trocar esse teclado....
Ai, que post triste. Conta uma piada aí. ;-P
Tomara que seja magia do bem Alquimista.
Já li sim Susi...mais pura verdade.
Vou pensar numa clari e te conto.rsss. bjocas
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