sexta-feira, dezembro 14, 2007

Ócio criativo???


Quando eu fazia mestrado, lá pelo início desse século, minha vida tinha uma intensidade fora do normal. Estudava em Florianópolis, dava aulas na universidade aqui em Passo Fundo, era chefe de enfermagem de um instituto de ortopedia, fazia assessoria para implantação de hospitais e ainda tinha tempo para namorar.
Claro que tudo isso teve seu preço e acabei adoecendo. Acabei uns tempos de molho e aproveitei para fazer umas leituras para fundamentar minha dissertação, que estava na reta final.
Um dos livros que li foi do Domênico De Masi chamado O Futuro do Trabalho, onde o sociólogo volta a falar da importância do ócio para a criatividade e aumento da produção no trabalho.
Pois, a partir daí resolvi diminuir meu ritmo para ver se conseguia ser mais efetiva no meu cotidiano.
Pedi demissão do instituto, terminei o namoro que me sufocava, deixei de aceitar convites para assessorias.
No início, funcionou bem. Consegui concluir minha dissertação, publiquei meu livro.
Mas logo depois entrei numa nova roda viva, assumindo muitos cargos, muitas tarefas.
Esse ritmo venho mantendo há alguns anos. Muito trabalho, muito cansaço, muito stress e muita incapacidade para relaxar.
Bem, desde segunda, meu ritmo diminuiu bastante. As aulas na universidade terminaram. Saí de alguns cargos que vinha assumindo há anos.
Tinha muitos planos para essa parada. Queria organizar os armários do meu escritório, limpar meu roupeiro de coisas que não uso mais, resolver o problema da inclinação do terreno da minha casa para poder por uma piscina, terminar a decoração de Natal, passar dias com o Nathan, arrumar o jardim.
Quem disse que consigo. Tô aqui como uma plasta. Sem vontade de nada, adiando tudo.
Definitivamente, para mim o ócio não é nada criativo. Me desestimula, me amarra.
Preciso sair dessa morosidade. Preciso de um desafio.
Ou preciso simplesmente aproveitar esse ócio. Ficar bem sem nada pra fazer. Relaxar.
Ô coisa mais complicada.

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