terça-feira, fevereiro 12, 2008

Passos, sonhos e mudanças.


Já devo ter comentado por aqui que freqüento a mesma praia desde que nasci.
Esse ano não foi diferente. E nos poucos dias em que a chuva permitia, aproveitei para caminhar.
Numa dessas caminhadas, sempre na beira do mar, comecei a pensar que fazia o mesmo caminho desde que me lembro por gente. Acho que o fato do lugar não ter mudado em nada, ter as mesmas casas, os mesmo abrigos de salva-vidas, me remeteram a essas caminhadas passadas. A sensação era que coisas de toda a minha vida se repetia naqueles passos.
E passei a pensar nas mudanças que haviam ocorrido em mim nesse tempo todo.
Lembro que quando tinha por volta de 7 ou 8 anos gostava de caminhar cedinho com meu pai e meu avô. Sempre íamos rindo e brincando, procurando conchinhas diferentes e parando a cada momento para conversar com conhecidos.
Já na minha adolescência, caminhava por ali com meu grupo de amigos e mais frequentemente com as meninas. Íamos dividindo os fones de música e sonhando e imaginando nossos futuros romances, nosso primeiro beijo, a nossa fantasia para o baile de carnaval no baile do Yate Clube.
Um pouco maior, comecei a caminhar sozinha e imaginava como eu seria minha vida adulta. Qual carreira eu seguiria, como seria meu marido. Nos meus sonhos eu seria linda, rica, elegantíssima, teria uma carreira de sucesso, um marido maravilhoso e filhos lindos.
Mais tarde, mais madura, continuei caminhando por ali e meus sonhos foram mudando. Talvez se tornando mais reais, mais concretos, a partir da realidade que ia se formando.
Em muitas vezes eu caminhava sozinha, em outras havia pessoas caminhando comigo. Namorados, amigos, familiares.
Nesse ano eu caminhei sozinha. Não havia ninguém pra caminhar comigo. Meus pais não agüentam mais a caminhada. Meus avós já morreram. Meus amigos cresceram, casaram e tiveram filhos. Os poucos que restaram, a chuva afastou da praia. Já não tenho namorado.
Meus sonhos mudaram. Nem sei se os tenho mais. Minha vida, em geral, não ficou nada parecida com aquela sonhada no início da minha idade adulta.
Mas acho que isso não quer dizer que seja ruim. Acho que é a vida possível. Foi a vida para qual meus passos, fora da areia, me levaram. É a vida que tem o tamanho da minha passada.
Outras pessoas entraram nessa minha vida nesse tempo todo. Algumas passaram por mim rapidamente, outras permanecem. Algumas mais próximas outras mais distantes. Espiritual e fisicamente falando.
Acho que fiz um balanço da minha vida nessas caminhadas. Acho que gostei do que vi. Mas ainda acho que posso voltar a sonhar, criar novos sonhos e provocar novas mudanças.

7 comentários:

Priscila disse...

SEMPRE, Mô. Só deixa de sonhar quem já se foi.

Mônica disse...

beijos Pri.

Vica disse...

Falei sobre mudança no meu blog. Essas lembranças de infância também têm tomado conta de mim por esses dias... também ando precisando ter novos sonhos.

Pri Tescaro disse...

Nem sempre as mudanças significam que são para pior. Às vezes é exatamente o contrário. Além disso, quem garante que o quê sonhamos é o certo, o ideal e o que vai nos fazer feliz no futuro?

Mônica disse...

pois é Pri. acho que a nossa esperança é que nos faz pensar assim. meio como instinto de sobrevivencia, sabe?

João Grando disse...

Quando você era criança, você caminhava por ali sonhando o futuro. Hoje você caminha por ali lembrando o passado.
Eu concluo duas coisas:
1) há um diálogo entre vocês duas;
2) por isso mesmo, você nunca esteve sozinha.

Se der de ficar triste, eu tentaria aproveitar esse diálogo: o que você pode fazer agora e não podia antes, inda mais com tudo que aprendeu; e o que você achava tão fácil quando era criança e deixou de fazer agora.

E no meio de tudo, os sonhos hão de sonhar novamente. Quieta, eles não vão te deixar.

Devo voltar mais vezes também.
Um bJoão e/ ou um Grando abraço.

Mônica disse...

João, teu comentário emociona. E como disse lá no teu blog, me deixou com mais coisas para pensar.
volte sempre.
os dois: o beijão e o grande abraço.