quarta-feira, maio 20, 2009

Colhendo frutos tardios

Há alguns anos publiquei meu primeiro livro. Na verdade, como todos, um livro técnico. Esse primeiro em particular era um recorte da minha dissertação de mestrado. Tratava, para não se muito chata e profunda, das formas de enfrentamento do estresse dos enfermeiros de centro cirúrgico. O tema veio, obviamente, da minha prática profissional anterior ao mestrado, toda advinda de atendimento à pacientes críticos, portanto, no cotidiano mais estressante que conheço. Para ilustrar o ambiente de trabalho, citei De Masi (2000) que considera a enfermagem a segunda profissão em nível de insatisfação ao lidar com sofrimento, só perdendo, segundo ele para os coveiros. Não sei se concordo em todo com o autor, porque, apesar de todas as situações dolorosas com as quais me deparo todo dia, tenho muito prazer no que faço. Prazer esse, na sua maioria das vezes, derivado da possibilidade da ajuda a outro ser que sofre ou que evito que sofra.

Mas enfim,  quase dez anos depois da publicação dessa obra ela continua sendo citada no meio acadêmico. Semanas atrás fui convidada a participar de um programa de rádio, ancorado por dois psiquiatras, exatamente para falar do sofrimento no trabalho, tendo por base o contexto do livro. Achei que depois de tanto tempo não haveria nenhuma repercussão.

Para minha grata surpresa, depois desse programa fui chamada para várias conferências, vários colegas enfermeiros e médicos vieram conversar comigo sobre o tema e hoje recebi uma ligação da editora querendo saber se eu queria re-editar o livro, pois a procura tem sido grande. 

Não quero. Quero escrever outros, quero escrever melhor. Quero aprofundar o tema. Mas estou bem feliz que algo que estava lá no fundo da minha gaveta intelectual foi novamente exposto, o que me faz pensar que às vezes vale à pena olhar para trás e valorizar o que já passou, pois talvez ainda haja espaço para essas coisas esquecidas e descartadas no nosso futuro.



2 comentários:

Priscila disse...

Puxa, Mô, parabéns!!!
Longe de mim poder sugerir alguma coisa, mas eu re-editaria, mesmo com a possibilidade de escrever uma nova publicação. Beijo!

Mônica disse...

Obrigada Pri. O que me falta é tempo. Mas ontem a noite re-li o livro e fiz alguns apontamentos para caso eu mude de decisão. bjka