domingo, junho 29, 2008

Perdas necessárias

Há alguns anos atrás essa expressão me veio a mente: perdas necessárias. Não sabia onde tinha ouvido ou lido. Perguntei à minha irmã e ela me disse que conhecia um livro com esse título. Como essa expressão não saía da minha cabeça, como se fosse aquela musica que fica o dia todo rodando a nossa memória, fui atrás do tal livro.

Na verdade, o texto era um pouco didático demais, portanto, chato. Mas trouxe algumas reflexões interessantes, embora um pouco óbvias, do tipo "tudo precisa terminar". O término de uma fase do nosso ciclo vital dá passagem a um novo. Por exemplo: temos que terminar a adolescência para chegar a idade adulta. Por isso a importância dos ritos de passagem, como o debut, a cerimônia de casamento, as bodas de prata, a aposentadoria, os funerais e ai por diante, que são marcos dessas passagens.

Bom, mas acho que não era bem sobre isso que queria escrever. Queria falar das perdas que temos no cotidiano e que não conseguimos entender ou aceitar. É difícil processar uma perda, um final. O final de um amor, de um emprego, de uma vida.

Essa semana faleceu em Porto Alegre o avô paterno do meu sobrinho. Meu cunhado acabou ficando toda semana na cidade para resolver coisas relativas ao enterro e outras necessidades dessas horas. Minha irmã ficou encarregada de contar ao filho de quatro anos que avô tinha morrido. Ela disse: filho, o vô Joaquim morreu. Ele estava muito doente e Deus o chamou lá para o céu. Agora ele está lá fazendo companhia para os irmãos dele, para os outros vovôs. Ele encheu os olhinhos de água, sem entender muito, e disse: mas quando eu tiver com saudades dele eu posso ligar pra ele?

Bom, como o pai dele demorou toda a semana para voltar pra casa, um dia minha irmã chegou em casa e encontrou o pequeno com a mala pronta. Ele disse que ia buscar o pai. Que não queria que o pai ficasse lá fazendo companhia pro avô. Imagina a confusão na cabeça dele.

Como a confusão na nossa cabeça quando algo acaba. E se eu tiver saudade, eu posso voltar? Posso voltar pra minha relação antiga, posso ligar, posso voltar ao meu antigo emprego, posso voltar a ser criança? Não, não posso. Tudo acaba, quase tudo são perdas. São perdas necessárias. Necessárias para dar espaço a uma nova vida, um novo romance, um novo trabalho.

No meu caso, tive perdas nesses meses, e hoje entendo que foram fundamentais para dar inicio a nova vida que começo nessa semana.

Boa sorte pra mim. Que essas perdas se diluam nas novas conquistas. E que eu não tenha nunca vontade de voltar pra trás.

4 comentários:

Anônimo disse...

Um oi. Só pra dizer que eu estou aqui. Diariamente. :-)

Mônica disse...

oi querida. que bom, tava me sentindo meio falando sozinha aqui.rss.beijos saudosos.

Marilac disse...

Oii Mônica,
Estive ausente, tirei férias no inicio de maio, voltei e encontrei muito trabalho e alguns problemas sérios de saude na familia,já resolvidos graças a Deus e só agora estou retomando o ritmo.
Texto profundo esse.
Fiquei imaginando a carinha do seu sobrinho com saudade do pai.
As perdas necessárias ou não sempre mexem muito com a gente...
Que Deus nos abençoe e inspire sempre nas escolhas que temos que fazer ao longo da vida.
Que essa nova etapa na sua vida seja repleta de sucessos e que lhe tragam muita felicidade tb.
Abraços
Marilac

Mônica disse...

esses dias mesmo estava pensando que tu estavas sumida. que bom que tudo está resolvido. obrigada pelo carinho de sempre. beijo