domingo, julho 20, 2008

Ele, ela e eles.

Essa noite ela sonhou que ele finalmente tinha vindo vê-la. Depois de tanto tempo, em que sempre quem ia era ela. Ele veio, conversaram como antigamente, riram, falaram besteiras, fantasiaram sobre a vida alheia, reclamaram das respectivas famílias, trocaram confidências, sonhos e conselhos. Fizeram planos para o dia seguinte. Adormeceram no sofá, assistindo filme. Ela acordou a noite e o cobriu. Não tentou acordar para não quebrar a magia. Dormiu de novo com a cabeça encostada no peito grande dele. Pela manhã, ele não estava mais lá. Tinha ido embora. Os planos foram frustrados. Os passeios não aconteceram. Ela ficou só, sentindo aquele vazio no coração.
Aí ela acordou. E pensou que o sonho apenas foi o reflexo da sensação que ela anda tendo: de que tudo entre eles está diferente.
Ela sente falta da antiga intimidade. Ele jura que nada mudou. Ela sabe que sim. Ele não brinca mais, não ri das besteiras ditas, não vibra mais como vibrava antes. Não puxa assunto. Fica naquele longo silêncio que faz um barulho enorme dentro dela. Ele apenas responde as perguntas que ela faz. E ela tem feito muitas, só para tentar engatar uma conversa. Ela nem sabe mais o que perguntar. Já pensou em comprar um livro que tenha mil e uma perguntas.
Ela sente falta do desejo dele. Ela sente falta do desejo dela. Ela viu o vazio nos olhos dele na última vez em que se encontraram. Ela sentiu o último beijo como o último. E saiu com o coração dolorido.
E assim a vida dela vai passando. Com a sensação de que tudo está se apagando. Ela tenta segurar o pouco que sobrou. Mas ela segura como se segurasse água com as mãos fechadas. Quanto mais ela aperta para tentar prender, mais essa água escorre pelas brechas entre os dedos.
E ela sabe que vai ter que aprender a seguir sozinha. Ela sabe, mas não quer saber.

2 comentários:

Priscila disse...

Achoque ela não deveria desistir... ;)

Mônica disse...

acho que ela ta cansada de tentar Pri.