sábado, agosto 15, 2009

Diário de uma gripe


No início dessa coisa de gripe suína ou H1N1 novo sorotipo, como queiram, eu e muitos profissionais de saúde não demos a devida importância, pois o quadro clínico que se apresentava nos primeiros infectados no Brasil era muito menos grave que o de gripes mais corriqueiras. De alguma forma, a começar especificamente por Passo Fundo, cidade em que houve o primeiro quadro grave da gripe que evoluiu para a morte, tivemos o aparecimento quase que em progressão geométrica de infectados com quadro clínico bastante intrigante, evoluindo rapidamente para um quadro respiratório bastante grave e consequentemente uma mortalidade alta em uma faixa etária pouco comum para a gripe comum, o de adultos na faixa dos 30 a 50 anos. Várias explicações epidemiológicas vão surgindo para essa característica, mas ainda estamos na fase das suposições.

Mas enfim, de uma forma ou de outra, mesmo estando em situação de risco por ser profissional de saúde e ter contanto constante com sujeitos contaminados, a sensação de que isso era uma coisa que só acontecia com outras pessoas, apesar de todos os cuidados sempre terem sido tomados, ou seja, um aumento na frequencia da lavagem de mãos e uso de álcool-gel.

Enfim, na quinta-feira, minha armadura foi rompida e comecei a apresentar os primeiros sintomas da gripe. Ainda não se pode dizer se é a malfadada gripe H1N1 ou se é um quadro gripal qualquer, mas por via das dúvidas ontem fui afastada do trabalho por uma semana.

Os sintomas começam de repente. Iniciaram com dores intensas nas articulações, dor de cabeça e um cansaço muito desproporcional ao esforço. Ontem acordei com tosse seca, embora insipiente, coriza leve, um leve desconforto gastrointestinal, com náuseas e vômitos, intensos calafrios, que o médico diz ser da “viremia” e o mais preocupante, com febre. Imediatamente tentei me manter afastada dos meus familiares, usando máscara quando em contato com eles.

Infelizmente, hoje minha mãe amanheceu também com sintomas de um quadro gripal.

Eu continuo com dor de cabeça, mal estar geral, mas felizmente não tive mais febre.

Minha preocupação agora é com meus pais. Principalmente, com meu pai que é diabético e tem problemas cardíacos. Até hoje ele não apresentou nenhum sintoma.

Espero que continue assim.

Espero que esse quadro todo seja leve e que eu e minha família passemos por isso de uma forma branda. Amém.


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